Nome popular | JABUTICABEIRA |
Nome científico | Myrcia cauliflora Berg |
Fotos ampliadas | 1 |
Família | Myrtaceae |
Parte usada | Fruto |
Propriedades terapêuticas | Antioxidante, antialérgico |
Princípios ativos | Calorias 51,vitamina C 12, niacina, ferro, fósforo, antocianinas. |
Indicações terapêuticas | Problemas cardíacos, estabilizador do açúcar no sangue de diabéticos, prisão de ventre. |
Informações complementares Origem Brasil Uso medicinal Devido a presença de antocianinas, têm uma potente ação antioxidante, ajudam a varrer as moléculas instáveis de radicais livres. Ultimamente surgem estudos apontando que substâncias antioxidantes também auxiliam a estabilizar o açúcar no sangue dos diabéticos. Uso culinário A jabuticaba é a matéria-prima de geléia, suco, licor e vinho. O texto a seguir foi enviado pelo colaborador deste site, Lelington Lobo Franco. Jabuticaba: uma amiga do coração Nativa do Brasil, e com o nome científico Myrcia cauliflora Berg, ela costuma medir entre 6 e 9 metros e é conhecida desde o período do descobrimento. "A espécie é encontrada de norte a sul, desde o Pará até o Rio Grande do Sul", diz o engenheiro agrônomo João Alexio Scarpare Filho, da Esalq. Segundo ele, a palavra jabuticaba é tupi e quer dizer "fruto em botão". A jabuticaba é a matéria-prima de delícias já conhecidas, como a geléia, licor e, também, uma espécie de vinho. Em 100 gramas ou 1 copo, temos: calorias 51, vitamina C 12 mgm, Niacina 2,50 mg, ferro 1,90 mg e fósforo 14 g Características da fruta Atributos para essa fruta tipicamente brasileira é o que não faltam. Vitaminas, fibras e sais minerais aparecem nela ao montes. Agora, para melhorar ainda mais esse perfil nutritivo, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas descobriram que ela está cheia de antocianinas, substâncias que protegem o coração. Mais uma razão para que a jabuticaba esteja sempre no seu cardápio. Ela ganha até da uva e, provavelmente, do vinho tinto, que são festejados no mundo inteiro por evitarem infartos. Você vai conhecer agora uma revelação científica - e das boas - que acaba de cair do pé. A química Daniela Brotto Terci nem estava preocupada com os problemas que se passam com o coração. Tudo o que ela queria, em um laboratório da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior paulista, era encontrar na natureza pigmentos capazes de substituir os corantes artificiais usados na indústria alimentícia. E, claro, quando se fala em cores a jabuticaba chama a atenção. Roxa? Azulada? Cá entre nós, jabuticaba tem cor de... jabuticaba! Mas o que tingiria a sua casca? A cientista ficou surpresa e impressionada ao verificar: enormes porções de antocianinas, foi a resposta. As antocianinas são pigmentos responsáveis por uma variedade de cores atrativas e brilhantes de frutas, flores e folhas que variam do vermelho vivo ao violeta e azul. Daniela jamais tinha suspeitado de que havia tanta antocianina ali, na jabuticaba; aliás, nem ela e nem ninguém mais. "Os trabalhos a respeito dessa fruta são muito escassos", tenta justificar a pesquisadora, que também mediu a dosagem de antocianinas da amora e da uva. Ironia, o fruto da videira saiu perdendo no ranking, enquanto o da jabuticabeira... Dê só uma olhada, o número representa a quantidade de miligramas das benditas antocianinas por grama da fruta:
"Se um fruto tem cor arroxeada é porque elas estão ali", entrega a nutricionista Karla Silva, da Universidade Estadual do Norte Fluminense, no Rio de Janeiro. No reino vegetal, esse tingimento serve para atrair os pássaros. "E isso é importante para espalhar as sementes e garantir a perpetuação da espécie", explica Daniela Terci, da Unicamp. Uso medicinal Para a Medicina, o interesse nas antocianinas é outro. "Elas têm uma potente ação antioxidante", completa a pesquisadora de Campinas. Ou seja, uma vez em circulação, ajudam a varrer as moléculas instáveis de radicais livres. Esse efeito, observado em tubos de ensaio, dá uma pista para a gente compreender por que a incidência de tumores e problemas cardíacos é menor entre consumidores de alimentos ricos no pigmento. Ultimamente, surgem estudos apontando uma nova ligação: as tais substâncias antioxidantes também auxiliariam a estabilizar o açúcar no sangue dos diabéticos. Se a maior concentração de antocianinas está na casca, não dá para você simplesmente cuspi-la. Tudo bem, engolir a capa preta também é difícil. A saída, sugerida pelos especialistas, é batê-la no preparo de sucos ou usá-la em geléias; a boa notícia é que altas temperaturas não degradam suas substâncias benéficas. O professor Lelington conta que costuma mastigar as cascas e engoli-las; além das antocianinas, ela evita a prisão de ventre. Ele também mastiga as sementes e as engole, pois contém elementos antialérgicos. Segundo ele, as antocianinas são os pigmentos presentes nos vacúolos de plantas responsáveis por fantásticas exibições de vermelho e azul na Natureza e por fabulosas alterações das cores das folhas de determinadas plantas no Outono. Existem diferentes antocianinas naturais. Os corantes de antocianina são fabricados normalmente a partir de cascas de uva e de jabuticaba. Devido à solubilidade e à mudança de cor em função do pH, este corante possui uso restrito a produtos que normalmente são fabricados a partir de alimentos que contém frutas: sorvetes de uva, geléias, vinhos compostos etc. Os pigmentos naturais, que dão a algumas frutas e vegetais a cor avermelhada, azul ou roxa, contribuem para a diminuição do número de células cancerígenas no organismo e, em alguns casos, podem mesmo causar a sua extinção; tornando-os, assim, uma importante ajuda no combate ao câncer, afirma um estudo realizado por cientistas norte-americanos. Frutas e vegetais que contenham um número elevado destes pigmentos, como a acerola e a beterraba, são mais eficazes em desacelerar o crescimento de células cancerígenas. Em 20% dos casos, podem mesmo extingui-las. Mas os benefícios não param por aí, alimentos menos ricos nestes pigmentos, como o rabanete e o morango, diminuem o crescimento do câncer do colón entre os 50% e os 80%. Estes resultados são a conclusão de um estudo que combina testes de laboratório em células cancerígenas humanas e experiências em animais, citado pelo The Guardian. O objetivo é saber se há uma relação entre uma dieta rica nestes alimentos e o baixo risco de desenvolver um câncer, tal como foi apresentado no encontro da American Chemical Society, nos EUA. Os componentes destes pigmentos pertencem a um grupo denominado por antocianinas que, por ser um antioxidante, dificulta a sua absorção pela corrente sanguínea. Estes componentes viajam do estômago até ao intestino delgado. Os cientistas acreditam que no conseguir percorrer este caminho está o segredo para as suas propriedades anti-cancerígenas. O próximo passo é saber se os componentes destes pigmentos podem ser modificados de modo a torná-los ainda mais poderosos. Foram identificados 600 antocianinas diferentes e os pesquisadores já analisaram a sua composição. Sabe-se que as antocianinas são responsáveis pela pigmentação de alimentos, flores e folhas, e a sua cor varia entre o vermelho vivo, o azul e o violeta. Os benefícios destes alimentos, como a acerola, camu-camu - muito usados em sumos naturais -, foi testado em ratos. Os animais sofriam de câncer do colón e, ao fazerem uma dieta à base de antocianinas extraídas de frutas, o seu estado clínico melhorou entre 60% e 70% em comparação com outro grupo que não se alimentou destas frutas. Além do câncer, em particular o do cólon, estes alimentos ajudam a combater ainda doenças cardiovasculares e a formação de coágulos no sangue. (contém em sua maioria potássio). Os sucos, particularmente, rendem experiências bem coloridas. A nutricionista Solange Brazaca, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba, interior paulista, dá lições que parecem saídas da alquimia: "Misturar a jabuticaba com o abacaxi resulta numa bebida azulada", ensina. "Já algumas gotas de limão deixam o suco avermelhado. "As variações ocorrem devido às diferenças de Ph e pela união de pigmentos ácidos. Mas, vale lembrar a velha máxima saudável: Bateu, tomou! "Luz e oxigênio reagem com as moléculas protetoras", diz a professora. Não é só a saúde que sai perdendo: o líquido fica com cor e sabor alterados. Aliás, no caso da jabuticaba, há outro complicador. Delicada, a fruta se modifica assim que é arrancada da árvore. "Como tem muito açúcar, a fermentação acontece no mesmo dia da colheita", conta a engenheira agrônoma Sarita Leonel, da Universidade Estadual Paulista, em Botucatu. A dica é guardá-la em saco plástico e na geladeira. Agora, para quem tem o privilégio de ter uma jabuticabeira, a professora repete o que já diziam os nossos avós: "Jabuticaba se chupa no pé". A parte branca tem seu valor A bioquímica Edna Amante, do laboratório de frutas e hortaliças da Universidade Federal de Santa Catarina, destaca alguns nutrientes da parte branca e mais consumida da jabuticaba: "É na polpa que a gente encontra ferro, fósforo, vitamina C e boas doses de niacina, uma vitamina do complexo B que facilita a digestão e ainda nos ajuda a eliminar toxinas." Ufa! E não só nessa polpa, mas também na casca escura, você tem excelentes teores de pectina. "Essa fibra tem sido muito indicada para derrubar os níveis de colesterol, entre outras coisas", conta a nutricionista Karla Silva. Um novo estudo da Universidade de Georgia, nos EUA, demonstrou que a pectina, um tipo de fibra encontrado em frutas e hortaliças e utilizada na confecção de geléias e outros alimentos consegue eliminar as células cancerígenas da próstata em até 40%. O estudo publicado na edição de agosto de 2007 da revista Glycobiology, demonstrou que a pectina inclusive conseguiu eliminar células que geralmente não respondem à terapia hormonal e por isto são de difícil tratamento com as medicações disponíveis no momento. Em outros estudos, diz o professor Lelington, a pectina esteve relacionada com redução do colesterol e dos níveis de glicose no sangue além de reduzir a divisão celular prevenindo câncer de pulmão e tumores no cólon. O time de pesquisadores agora está envolvido na identificação da menor estrutura dentro da pectina, capaz de induzir à morte de células cancerígenas a fim de fabricar medicamentos e alimentos com mais benefícios à saúde. A pectina faz uma excelente dobradinha com as antocianinas no fruto da jabuticabeira. Daí o discurso inflamado dessa especialista, fã de carteirinha: "A jabuticaba deveria ser mais valorizada, consumida e explorada". Nós concordamos, e você? Baseado em artigo da jornalista Regina Pereira ColaboraçãoLelington Lobo Franco, Escritor, pesquisador, químico-fitologista (Curitiba, PR). Janeiro de 2009 Fonte: http://ci-67.ciagri.usp.br/pm/index.asp |
0 comentários:
Postar um comentário