A importância do Ômega-3 na capacidade mental
O cérebro humano representa apenas 2% do nosso peso total, mas usa  aproximadamente 20% do oxigênio consumido por todo nosso corpo quando  está em repouso. Ele é um órgão complexo que só recentemente tem sido  desvendado.
Você já sabe que os alimentos que comemos influenciam o nosso corpo. Mas  o que você não sabe ainda é que eles podem ter muito mais do que uma  simples influência no funcionamento do nosso cérebro.
O humor, a motivação e a performance mental estão intimamente ligados  aos alimentos que ingerimos.Estudos mostram cada dia mais que algumas  substâncias contidas em determinados alimentos podem aumentar a  capacidade mental.
Mais de 20% do cérebro é constituído de substâncias gordurosas que  desempenham importantes funções. A saúde do nosso cérebro depende não só  da quantidade de gordura que ingerimos, mas principalmente do tipo de  gordura.
A performance mental exige um tipo específico de gordura encontrado mais  frequentemente em peixes, conhecidos como ácidos graxos Omega-3.
Os ácidos graxos Omega-3 são conhecidos por serem componentes  fundamentais da membrana externa das células cerebrais. É através dessa  membrana que todos os sinais nervosos fluem.
Então a presença de Omega-3 cria um ambiente ideal para a troca rápida  de "mensagens" entre as células do nosso cérebro. Se o cérebro para de  receber Omega-3, ele procura se adaptar a essa deficiência. Como  consequência ele fica "preguiçoso" e as respostas passam a ser mais  lentas. Quando esse comportamento é repetido dia-após-dia, o cérebro  passa a encarar esse novo estado como sendo o seu novo padrão normal de  funcionamento.
É aí que problemas de memória, alterações de humor e dificuldades de aprendizado podem se tornar frequentes.
Estudos mostram que o consumo regular de Omega-3 está ligado aos seguintes benefícios:
    * boa concentração;
    * boa memória;
    * motivação;
    * boas habilidades motoras;
    * boa velocidade de reação;
    * neutralização do stress;
As fontes principais de Omega-3 são os peixes de águas profundas e frias  (salmão, atum, bacalhau, arenque, cavalinha, sardinha, truta) e os  óleos de peixe.
Para quem não gosta ou não inclui os peixes ou os óleos de peixe no  cardápio, as sementes de linhaça e o óleo de linhaça são as melhores  alternativas como fonte de Omega-3.
Além de todos esses benefícios para o cérebro, o Omega-3 atua na redução  dos níveis de triglicérides e consequentemente reduzir os riscos de  doença do coração.
HIPERTENSÃO ARTERIAL e ÓLEO DE PEIXE -ÔMEGA 3 efeito anti-flamatório. 
De 15 trabalhos antes de 1989 que revimos, 9 deles mostraram que os  ácidos graxos ômega-3 realmente reduzem a pressão arterial (Knapp –  1989a). Investigações controladas de pacientes hipertensos  cuidadosamente monitorados (Knapp – 1989b) e estudos de intervenção  populacional (Bonaa - 1990), confirmam que boas doses de óleo de peixe  reduzem a pressão arterial na hipertensão essencial.
De uma maneira geral os trabalhos escritos em países da Europa, União  Soviética, África e Austrália  mostram um bom efeito dos ácidos graxos  ômega-3 sobre a pressão arterial. Entretanto na América do Norte, onde  as indústrias e o poder econômico ditam as suas próprias verdades  científicas, os ômega-3 não mostram resultados tão benéficos, tornando  quase impossível distinguir neste País os trabalhos com conflito de  interesse. 
Venter, pesquisador africano, em 1988 em trabalho duplo cego, controlado  com placebo e cruzado tratou 25 pacientes não obesos com hipertensão  arterial essencial moderada. O grupo que recebeu a suplementação com  ômega-3 ( Efamol-marine 3 cápsulas 3 vezes ao dia) apresentou queda  significante da pressão sistólica em 8 semanas de ingestão do ácido  graxo (PA : 160/100 caiu para 140/90 mmHg). O Efamol – marine contém em 1  cápsula: 275 mg da ácido linoleico , 40 mg de ácido gamalinolenico e 20  mg de ácido eicosapentanoico. Sabe-se que somente o ácido  gamalinolenico e o eicosapentanoico possuem a capacidade de diminuir a  pressão arterial. O grupo que recebeu somente o ácido alfa linolenico  não apresentou queda de pressão.
Parece que doses acima de 3 gramas de óleo de peixe de água gelada são  necessárias para reduzir a pressão arterial de hipertensos e muito  importante esta dose não altera a pressão de normotensos .
Em um trabalho tipo meta-análise, Morris pode constatar evidências de um  efeito dose-resposta, isto é, maior a dose ingerida do óleo maior a  queda de pressão arterial (Morris - 1993).
Kaare Bonaa, pesquisador da Noruega, estudou156 homens e mulheres com  hipertensão essencial moderada não previamente tratada, de uma pequena  cidade norueguesa, em estudo randomizado, duplo cego e controlado com  placebo. Um grupo recebeu por 10 semanas, 6 g ao dia de uma preparação  com 85% de ácido eicosapentanoico e docosahexanoico e o outro grupo  recebeu 6 g ao dia de óleo de milho. A suplementação foi administrada em  cápsulas de 1000 mg na dose inicial de 1 g ao dia aumentando-se  gradativamernte para 6 g ao dia , para melhorar a tolerabilidade ao  óleo.  O óleo de peixe estava na forma etil-ester (etil-ester K85, Norsk  Hydro, Oslo, Norway).
Em 10 semans a pressão sistólica caiu 4,6 mmHg (p=0,002) e a pressão  diastólica caiu 3,0 mmHg (p=0,0002) no grupo que recebeu o óleo de  peixe. De um modo geral a pressão arterial caiu de 145/95 para 140/92  mmHg em 10 semanas de óleo de peixe. Não houve alterações de pressão no  grupo que recebeu o óleo de milho. A diminuição da pressão arterial foi  maior à medida que aumentava o nível de fosfolípide ômega-3 no plasma  (Bonaa – 1990).
É importante salientar que nos pacientes que comiam peixe pelo menos 3  vezes por semana os resultados foram melhores. Incluindo-se apenas  homens que consumiam peixe 3 vezes por semana a queda da pressão  sistólica atingiu os 11,2 mmHg e a diastólica, 5,6 mmHg. Outro fato  digno de nota é que 32% dos pacientes ingerindo óleo de peixe não  apresentaram nenhuma modificação da pressão arterial.
 Após 10 semanas de óleo de peixe o nível de :
ácido linoleico caiu de 275 para 220 mg/l
ácido araquidonico caiu de 107 para 94  mg/l
ácido eicosapentanoico aumentou de 45 para 115 mg/l
ácido docosahexanoico aumentou de 113 para 136 mg/l
todos gorduras saturadas, não houve modificação: de 550 para 546 mg/l
todos ácidos graxos, não houve modificação:  de 1358 para 1359 mg/l
            O autor verificou ainda que embora tanto o ácido  eicosapentanoico como o  docosahexanoico são importantes para reduzir a  pressão arterial o mais importante deles é o eicosapentanoico.
            Knapp em 1989, em estudo aberto em homens brancos e não  fumantes mostrou que 1,8 g ao dia de ácido eicosapentanoico não  interfere na pressão arterial, porém 9 g ao dia diminui a pressão  sistólica em 6,5 mmHg e a pressão diastólica em 4,4 mmHg. Os resultados  do trabalho de Bonaa, nos mostram que não precisamos chegar a doses tão  altas.  
            Margolin em 1991 estudou 46 idosos hipertensos de um modo  randomizado, duplo-cego, controlado com placebo e cruzado. O período de  tratamento foi de 4 semanas com um período de "washout" de 3 semanas.  Comparou 9g ao dia de óleo de peixe com 9 g de óleo de milho. O grupo  com óleo de peixe recebeu 3 cápsulas de 1000mg, três vezes ao dia . Cada  cápsula continha 30% de EPA, 22% de DHA e 1mg de vitamina E. A vitamina  D foi removida para evitar intoxicação. No final a quantidade diária de  ômega-3 administrada foi de 4,7 g/dia (52% de 9g/dia). O resultado foi  muito bom: a pressão sistólica caiu 11,7 mmHg e a pressão diastólica  caiu 5,4 mmHg em 4 semanas de tratamento, ambas com significância  estatística.            
            Em 1991 Peter Singer, pesquisador alemão, reviu os estudos  clínicos dos efeitos hipotensores dos ácidos graxos ômega-3 . De 8  estudos de pacientes com hipertensão essencial moderada  que receberam  em média 5 g/dia de ômega-3 verificou que a pressão sistólica caiu em  torno de 10 mmH e a diastólica, 6 mmHg. Quanto maior a pressão inicial  maiores são os efeitos hipotensores. Em um estudo que durou 28 semanas a  pressão sistólica reduziu 16 mmHg e a diastólica, 8 mmHg.
            Uma comparação dos efeitos hipotensores da sardinha  ("mackerel")em lata com o arenque em lata, 5 g ao dia de ômega-3, por 2  semanas em trabalho randomizado e cruzado mostrou uma significante  redução da pressão arterial somente com a sardinha (queda de 9 a 17 mmHg  da pressão sistólica e de 3 a 11 mmHg na pressão diastólica). Lembrar  que são necessárias 12 latas de sardinha para suplementar 5g de ômega-3.  Outros trabalhos mostraram efeitos hipotensores com 3 latas de sardinha  por semana durante meses de tratamento e outros trabalhos não mostraram  nenhum efeito mesmo, com as 12 latas/dia.
           
Comparação do óleo de peixe com drogas antihipertensivas
            Em 47 pacientes com hipertensão arterial moderada após um  período de 4 semanas de observação comparou-se o propranolol 80mg/dia  com o óleo de peixe 9g/dia, administrados por 36 semanas sozinhos ou em  combinação de ambos por 12 semanas. O resultado foi a mesma redução de  pressão arterial tanto com o propranolol como com o óleo de peixe. A  combinação de ambos amplifica o efeito hipotensor (in Singer-1991).
           
Modo de Ação dos Ácidos Graxos Ômega-3 na Hipertensão Arterial
   1. Síntese de eicosanoides
A explicação mais aceita sobre o mecanismo de ação dos ômega-3 na  redução da pressão arterial  é a diminuição da síntese de tromboxane A2 e  aumento da síntese de prostaciclinas (PGI2 e PGI3) e de tromboxane A3  (Knapp-1989). Lembremos que o tromboxane A2 é vasoconstritor e as  prostaciclinas são vasodilatadoras. O  EPA da dieta é convertido em PGI3  no homem e não suprime a formação de PGI2 a partir do ácido  araquidonico.
Na pré eclampsia , durante a hipertensão , já se verificou aumento da  síntese de tromboxane A2. Aqui observa-se o papel favorável da aspirina  diminuindo tanto a pressão arterial como os níveis de tromboxano  (Meagher-1993).
            Os ácidos graxos ômega-3 diminuem a síntese de tromboxane A2  em homens com aterosclerose e em mulheres na pré eclampsia (Knapp-1986 ,  Schiff-1993). Nestas mulheres o ômega-3 não provoca excesso de  sangramento durante o parto.
b-  Diois  derivados do ácido eicosapentanoico
Existe muito interesse no papel do citocromo P-450 produzindo epoxidos a  partir do ácido araquidonico, tais substâncias são vasodilatadoras.  Quantidades substanciais de compostos análogos aos epoxidos são  derivados do ácido eicosapentanoico durante a ingestão de ácidos graxos  ômega-3 (Knapp-1991). Na grávida hipertensa também já se apontou aumento  da síntese de epoxidos derivados do ácido araquidonico (Catella-1990).
   1. Diminuição da sensibilidade à angiotensina e alterações na microcirculação
Os ácidos graxos ômega-3 diminuem a sensibilidade vascular aos efeitos da angiotensina (Kenny-1992 , Weisser-1990).
O aumento da atividade plasmática da renina observada nos pacientes  hipertensos que estão ingerindo ômega-3 , assim como o alto nível de  renina observado nos Esquimós pode ser interpretado como efeito  homeostático contra regulatorio (Singer-1985 , Jorgensen-1986).
A melhoria da microcirculação com a diminuição da viscosidade do sangue e  o aumento da flexibilidade dos eritrócitos contribuem para a queda da  pressão arterial (Terano – 1983 , Cartwright – 1985).
   1. Efeito em eletrolitos: sódio, potássio e cálcio
O efeito hipotensor dos ômega-3 não pode ser atribuído somente à  alteração da síntese dos produtos da ciclooxigenase (Knapp-1991 in  Knapp-1996), porque esses ácidos graxos provocam aumento da excreção  renal de sódio, diminuição do cálcio intracelular e aumento do potássio  intracelular, fatores que levam à diminuição da volemia e ao relaxamento  da musculatura arteriolar. Essas alterações também provocam menor  reatividade vascular a substancias vasoconstritoras como a adrenalina e a  noradrenalina.
e-  Resistência à Insulina e Insulinemia
Toft em 1995,estudou 78 pessoas hipertensas não diabéticas de forma  randomizada e controlada com placebo. Dez semanas de suplementação com  ômega-3 reduziu a pressão arterial, porém, não acarretou nenhum efeito  sobre a tolerância à glicose ou sobre a resistência à insulina testada  com sobrecarga de glicose e uma variedade da técnica do clampeamento  insulinico.
Trevor também não observou efeito independente do óleo de peixe sobre a  resistência à insulina e insulinemia, em obesos hipertensos que perderam  peso. Neste trabalho o autor notou maior queda de peso nos pacientes  com restrição calórica que usaram o ômega-3.  Verificaram no estudo  queda dos triglicérides e aumento do HDL2 colesterol com diminuição do  HDL3 colesterol , mantendo-se sem alteração o HDL total e o LDL total  (Trevor-1999).
Conclusão
Os dados de literatura sugerem que os ácidos graxos polinsaturados  ômega-3 , principalmente o ácido eicosapentanoico (EPA) possuem  realmente efeito hipotensor na hipertensão essencial moderada.
É muito importante saber que o óleo de peixe interfere em vários locais  do organismo ao lado de reduzir a pressão arterial e que possivelmente  seja esta a razão dele diminuir o risco da doença coronariana, o que as  drogas antihipertensivas não conseguem.
É chegado o momento de estudar melhor os nossos pacientes hipertensos,  pois como já vimos a mudança de estilo de vida reduz a pressão arterial;  drogas como a metformina que diminui a resistência da membrana à  insulina reduzem a pressão arterial e os ácidos graxos ômega-3  por  vários mecanismos também reduzem a pressão arterial e de fundamental  importância as três estratégias diminuem o risco de coronariopatia.
A estratégia convencional aprendida na Escola e que é "ensinada" no dia a  dia pelos  propagandistas de laboratório, em um curto-circuito cerebral  médico pernicioso: hipertensão = droga hipotensora , deve ser revista o  quanto antes.
 
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